Normalmente imaginamos o
relacionamento tóxico como aquele formado por um agressor e um agredido
(agressão que pode tomar diversas formas, como manipulação, extorsão,
vampirização, violência física e/ou psicológica etc). No saldo, uma das
partes é constantemente desrespeitada e sai machucada. Por isso também
são chamados de relacionamentos destrutivos.
Essa representação é adequada para boa
parte dos casos. Entretanto, hoje quero tratar de um tipo de relação na
qual os conceitos de “agressor” e “agredido” não são os melhores. Um
tipo de relação na qual os desníveis podem ir se aprofundando sem mesmo
que os parceiros tenham consciência. Tais desníveis começam pequenos
ganham relevância, gradativamente, gerando uma disparidade entre um lado
razoavelmente autônomo e outro, consideravelmente dependente. Essa
disparidade não parece tóxica em um primeiro momento mas tem potencial
destrutivo alto, principalmente para a parte mais dependente. Para
ilustrar, gostaria de utilizar o filme
“Azul e a cor mais quente”.