O questionário a seguir o ajudará a avaliar grupos dos quais participe. São pontos nem sempre perceptíveis para quem vê de fora mas sentidos por quem está inserido em organizações sectárias:
- Incoerências. Ao ingressar, o grupo parecia muito bom para ser verdade. Com o passar do tempo você começa a encontrar incongruências entre discursos e ações, vindas dos seus principais representantes. Em conversas privadas você percebe que outros membros têm críticas mas não se sentem capazes de mudar a situação. Racionalizações são feitas no sentido de responsabilizar as pessoas, individualmente, e manter intactas as lideranças e as bases da doutrina.
- Liberdade. Você acreditava ingressar em um grupo libertador mas se desaponta com o conservadorismo manifestado pelos líderes e representantes. Não raro você tem a impressão de estar sob vigilância, pisando em ovos, precisando tomar cuidado para não desagradar os superiores, que agem de maneira repressora. Liberdade de expressão não é uma característica do grupo.
- Iniciativas. Você ingressou estimulado por um discurso segundo o qual as possibilidades, no grupo, eram infinitas, graças à doutrina, que abria horizonte amplo e novo para a Humanidade estagnada. Apesar disso, quando você apresenta propostas, iniciativas, ideias ou projetos, percebe que as mesmas não geram maior repercussão. O grupo se mobiliza apenas para aquilo que manda o líder e para os trabalhos de sempre, que dizem respeito a divulgar a doutrina, levantar recursos e captar adeptos, tarefas burocráticas ou manutenção das instalações.
- Pessoas. Você se sentia instigado e motivado ao ver o líder discursando sobre como aquele grupo era formado pelos componentes mais lúcidos da sociedade, parte de uma geração genial e revolucionária. Para sua decepção, boa parte destas pessoas lhe parece, na maior parte do tempo, perdida, sem cultura, criatividade nem esperanças, sem trazer maiores contribuições a este “grandioso projeto”. Você se assusta com certos atos desequilibrados e incoerentes destes seres supostamente especiais.
- Amizades. Os membros do grupo eram suas amizades reais, espécie de “família cósmica” que transcendia os laços consanguíneos ou outros vínculos humanos comuns. Contudo, quando uma pessoa se afastava do grupo, vocês deixavam de manter contato. Seus superiores contavam as estórias mais macabras sobre elas (por exemplo, como elas eram desonestas nos bastidores, ou portadoras de graves problemas mentais ou de caráter). Isso lhe deixava intrigado, pois estas pessoas pareciam maravilhosas. Ao mesmo tempo, você se sentia grato por seus superiores compartilharem tais “segredos” com você (sem desconfiar que é tudo parte da estratégia manipuladora de isolar o membro).
- Senso crítico. Todos falavam sobre o senso crítico que vigorava no grupo, contra qualquer tipo de manipulação. Apesar disso, você observa que os líderes não aplicam a si mesmos sequer 1% do rigor crítico que investem contra os demais. A autoestima dos participantes costuma ser baixa, pois a cada dia descobrem novos defeitos pessoais e erros cometidos, apontados pelos superiores.
- Paz e amor. Você entrou em um grupo que prometia paz de espírito, não-violência, amor fraternal entre todos. Apesar disso, o clima de trabalho neste grupo é péssimo. Você estranha condutas que parecem exageradamente agressivas por parte dos superiores, reprimendas arbitrárias por qualquer motivo, fofocas contínuas e trapaças que ocorrem por baixo dos panos.
- Cultura geral. Você era motivado pelo discurso generalista, que incitava a pessoa a estudar de tudo, conhecer o máximo, ampliar os próprios horizontes. Sem saber por quê, entretanto, conforme você se envolveu com as ideias, passou a se desinteressar por outros autores, que agora lhe parecem muito vazios, ingênuos ou enrolados, quando comparados às ideias do seu próprio mestre.
- Democracia. Você foi cativado pelas ideias democráticas, em defesa da liberdade de pensamento e expressão, supostamente praticadas naquele grupo. Mas é estranho como as atividades do grupo dão pouca abertura para isso. As discordâncias tendem a ser mal recebidas, ignoradas ou até punidas. Há uma blindagem às críticas, que invariavelmente se voltam contra o crítico, conforme o grupo reage para que você se sinta mal e envergonhado por não acatar o que vem de cima.
- Vida melhor. Lhe diziam que sua vida iria melhorar. Entretanto, você percebe que as práticas e técnicas apresentadas pela doutrina não funcionam tão bem assim (embora acredite que a culpa seja sua, por não estar insistindo o bastante). Muitos membros parecem exagerar suas experiências, quase como se quisessem legitimar a validade da presença no grupo ou suprirem carências de admiração e autoafirmação.
- Felicidade. A doutrina defendia o bem-estar humano e a busca da felicidade, mas envolveu você num emaranhado de ideias que complicam, incitam culpa e tabu até sobre a busca de pequenos prazeres, como o lazer descompromissado, as artes e os esportes, namoro, sexo e masturbação.
- Talentos. Seus talentos e capacidades iriam aflorar, no grupo, de modo nunca antes imaginado – é o que lhe diziam. Mas o grupo parece demandá-lo, principalmente, para atividades monótonas, burocráticas, talvez até degradantes, ou extenuantes. Explicam-lhe que você deve consentir, pois faz parte do desenvolvimento pessoal, para aplacar-lhe o “orgulho”, entre outras desculpas.
- Mudança social. Elogiavam-no por se tornar peça de uma grande mudança social. Contrariamente, sua vida social se resume, cada vez mais, às atividades do grupo. Caso deixasse o grupo neste momento, você provavelmente não seria um fator de mudança social, mas um “problema social”. Talvez não tivesse para onde ir, não tivesse amigos nem familiares próximos,empregabilidade ou dinheiro para se sustentar.
- Obrigatoriedade. Lhe diziam que você não seria obrigado a nada e seria livre para sair a hora que desejasse. Estranhamente, hoje, você faz uma série de coisas para o grupo que não lhe interessam e que preferia não estar fazendo. Além do mais, a simples ideia de largar algum desses cargos lhe causa desconforto. Talvez se sinta culpado por estar “pensando só em si”. Talvez lhe cause medo escutar reprimendas dos seus superiores. Talvez por ser visto como “egoísta” por seus amigos. Nada parece ser realmente “voluntário” dentro deste grupo, após certo tempo de convivência.
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Clique aqui para ler um artigo sobre as características básicas de um grupo disfuncional.
Clique aqui para responder a um questionário sobre sua participação em grupos funcionais ou disfuncionais.
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